domingo, 1 de setembro de 2013

Capítulo 9

(Continuação dos capítulos anteriores. Comece lendo o Capítulo 1)


Ventania forte e fria a que soprava contra o rosto daqueles dois. Retornando para o castelo, o rei Gabriel parece respirar aliviado, comentando a respeito dos aventureiros que acabara de conhecer na taverna, aqueles que aceitaram o desafio de acabar com Agnaron:
-Ufa! Não demorou muito para aquele velho nos apresentar um grupo de aventureiros! Eu não os encontraria, pois mal conheço meus próprios servos!
Sir. Dewysom, experiente nômade que era, o alertava para os cuidados que deveriam tomar naquele momento:
-Não abaixe a guarda, majestade! Aqueles que contratamos são mercenários! Eles lutam po dinheiro! Se eles vão honrar o compromisso ou não é algo que só saberemos depois que eles partirem rumo ao confronto com o inimigo... isso “se” soubermos do paradeiro deles! Não podemos nos dar o luxo de pensar que resolvemos o nosso problema!
Uma voz alta e grave vem dos céus: - Você tem toda razão, Sir. Dewysom! – era ele, o monstro branco voador, que sobrevoava despretensiosamente as proximidades... e para o azar deles: Agnaron! O único da espécie capaz de voar sob a nevasca intensa.
 - Não tenham medo. Eu não desperdiçaria meu tempo com vocês dois... coitadinhos: perdidos na floresta!! Estou procurando algo para matar a minha fome! (irônico) Aliás, não é todo dia que eu encontro um membro da família real perambulando por aí... 
Sir. Dewyisom tomou a frente do jovem Gabriel e segurou firme a sua espada, apontando-a contra o réptil gigante e em posição de combate. Agnaron não era gigante, ágil e assustador! Entre suas garras afiadas ainda estavam o sangue da sua última vítima: certamente um pobre animal que cruzara o seu caminho. Da sua boca poderia sair um hálito tão frio que congelaria qualquer ser num raio de dez a quinze metros... e esta era mais ou menos a distância entre ele e a dupla de “azarados”. Não restou outra alternativa ao Sir. Dewysom, e ele foi direto ao ponto:
- Providenciaremos o seu ouro, Agnaron. Talvez demore um pouco, pois Aisengard não esperava passar por uma situação como essa. A família real atravessa um momento difícil...
- Acha mesmo que eu vou lamentar a morte do rei? – interrompe o lagarto voador – Eu poderia me aproveitar da situação e fazer  Aisengard sumir do mapa. Mas aí não teria graça! Me divirto vendo os humanos se escondendo de mim ou armando emboscadas para me capturar. Ah! Ah! Ah! Vou esperar um pouco mais, até que reúnam todo o ouro. Ou  mandarei centenas de goblis e orcs invadirem suas terras. Todos eles sedentos por guerra e destruição... e sob o meu poder! Ah!Ah!Ah! Ah!Ah!
A cada passo que o dragão dava olhando por entre as árvores, procurando por uma presa, Gabriel, amedrontado, escondia-se atrás de Sir. Dewysom, este empunhava a sua espada com a firmeza de quem estava pronto pra ser atacado.
Eis que Agnaron, num ataque surpresa, se apodera de um animal, uma vaca. Ela passava por perto quando o lagarto cravou suas garras no animal, ao mesmo tempo em que impulsiona para levantar vôo. Dizia em voz alta:
 – Eu quero meu ouro! – ao mesmo tempo que o animal mugia de dor em suas garras perfurantes! E sumia pelo céu.
Aliviados, os dois escoram numa árvore e agradecem aos anjos, simplesmente por estarem vivos após a surpreendente abordagem:
- Majestade, o senhor está bem? – preocupa-se Sir. Dewyisom com o seu rei - Esta criatura não é tão grande quanto ouvi falar. Com as asas abertas, ele parece muito maior - Gabriel encontrava-se em completo estado de choque – Fique calmo, senhor. Ele só queria se alimentar, coincidentemente passávamos próximo a uma das fazendas do reino – tentou tranquilizá-lo , mas o pavor já havia tomado conta do jovem.
- Sei exatamente o que aconteceu, Sir. Dewysom: nós... quase... morremos!!  Esta criatura é terrível... e vai acabar com todos nós! – gritava Gabriel desesperadamente.
 - Durante todo esse tempo em que negociávamos com os mercenários, muitas coisa passou pela minha cabeça – afirmara o rei – Agora então, diante do próprio Agnaron... eu estou com medo! Veja como tremem minhas mãos.
- Coragem, majestade! Estamos vivos, isso é o que importa! Devemos continuar a nossa caminhada rumo ao castelo ou morreremos aqui congelados... a nevasca está piorando! – gritava também o bravo nômade com o seu rei, na expectativa de que ele despertasse do trauma. Porém, transtornado, o jovem continuava a lamentar a sua falta de experiência e a necessidade de ter que tomar decisões importantes:
- Meu pai era muito seguro de si. Em nenhum momento ele pensou no reino que deixaria pra mim? Eu não esperava herdá-lo cheio de ameaças e trapaças. Se ele acreditava que quitaria essa dívida ou não, por que ele não me alertou? Porque não me preparou para o pior? Eu não serei o seu sucessor. Outro homem, um guerreiro nato, deve ocupar o trono de Aisengard, não eu!
-Majestade, o senhor bebeu na taverna? – gritava o nômade - Não sabe o que está dizendo! – Gabriel simplesmente parou no lugar onde estava e se recusou a seguir para o castelo.
- Sir. Dewysom: eu não serei bom rei para Aisengard. Não tenho a coragem necessária para ser um líder, um desbravador, e talvez só haja uma coisa a fazer para o bem de todos: eu vou sumir daqui! Sim! Sumirei... já que o meu nome e o meu sangue me obriga a tomar decisões para as quais eu não fui preparado.
- Não blasfeme, Majestade! – grita Sir. Dewysom com o jovem, num gesto desesperado de trazê-lo de volta pra casa - se não pode se comportar como um nobre, procure aprender a respeitar a nobreza. Vossa majestade deve honrar o nome do seu pai e da lei de sucessão do trono.
- Então Sir. Dewysom, eu o ordeno que me ajude a fugir – falou em voz alta o jovem em meio à ventania, numa outra tentativa de sumir dali.
Sir. Dewysom, abismado, vê uma “criança”, em outras palavras, sacar vejam vocês, uma adaga! Um punhal, um pouco maior. Parecia estar possuído! Enfeitiçado, talvez... e seu olhar estava distante... não seria nenhuma surpresa se estivesse possuído, já que Agnaron poderia ainda estar próximo.Os dragões possuem o poder de comandar mentes! Num piscar de olhos eis que surge repentinamente Sir. Dewysom, frente a frente com Gabriel... e o desafia:
-Majestade, serei obrigado a levá-lo de volta ao reino. Não me obrigue a ter que usar a força contra você.

 O garoto, num ato impensado, partiu pra cima do seu próprio comandado, conseguindo acertar-lhe de raspão um golpe, um corte superficial no ombro do destemido nômade.  Porém, com braços maiores e mais fortes, rapidamente o jovem rei foi dominado, até que suas forças se acabaram, ou um feitiço havia se dissipado... enfim, com o jovem rei em seus braços e desacordado, Sir. Dewysom consegue caminhar trazendo Gabriel desacordo emm seus ombros. Enfim, chegou até os portões do castelo... com frio e exausto!

Nenhum comentário:

Postar um comentário