sábado, 15 de junho de 2013

Capítulo 4

(Continuação dos capítulos anteriores. Comece lendo o Capítulo 1)

-Nossa, que dor de cabeça! Onde estou? - aos poucos o jovem Gabriel abria os olhos, mas não enxergava nada. Aliás, enxergava, sim, um mínimo filete de luz que entrava por uma das arestas do calabouço. Calabouço? Quem suspeitaria que uma inofensiva dose de vinho num importante almoço pudesse apresentar um perigo como este? Enquanto Gabriel tentava se recompôr ou, pelo menos, se lembrar de como foi parar em tal situação, ouvia-se passos adentrando o aposento, do outro lado da grade:
- Majestade, como o senhor veio para cá?! Este não é um lugar para um membro da família real estar! - era notório o tom sarcástico que o seu servo usava para revelar o seu lado negro - tudo nesta vida tem um fim e, a partir de agora, você é nosso prisioneiro! - afirmou. De tão inocente, aquele jovem não entendeu o que se passava, mas naquele momento estava realmente assustado. O servo, então, continuou o seu discurso:
- Aposto que desta vez a família perde o trono, mas antes gostaria de certificar-me. Teve uma boa noite de sono, majestade? Quer que eu traga o seu café da manhã, senhor? Ah!  Ah! Ah! Ah! - e se retira do aposento.
Por um momento, o silêncio!  O mais barulhento e incômodo da sua nova vida... já cheia de dúvidas. Até que, do fim do corredor, vinha o barulho irritante, de algo que lembrava uma caneca de metal sendo agitada contra um outro metal qualquer:
- Eeeeeiii... eeeeeeiii... Plém! Plém! Plém! Plém! Plém! Quem é você, hein? - sem dúvida uma voz que remetia a um homem maduro, mal educado sem papas na língua. O jovem, sem ter o que dizer, continuava em silêncio. Até que o homem, com voz mansa e cansada, diz:
- Tente achar alguma coisa pelo chão... algo que caiba na fechadura... passe a mão na jaula e observe se ela é grande ou pequena... só então a vasculhe a começar pelo chão.
Aí o jovem atentou para se fazer alguma coisa e, de fato, vasculhou toda a câmara onde estava preso. Era pouco iluminado e o que ele tocava parecia ser pedaços de ossos! Chamou-lhe a atenção um objeto resistente e pontiagudo, mas as celas eram piores. Eram enferrujadas, antigas... para um prisioneiro não conseguir  fugir dali, ele tinha que chegar bastante debilitado. Espancar e alimentar pouco o prisioneiro eram atitudes cruciais para manter alguém dominado e acho que subestimaram os tímidos músculos do príncipe. Ele se esforçou muito e conseguiu quebrar a fechadura de sua cela. Ao perceber isso, o outro homem conseguiu reunir forças para se levantar e gritar:
- Amigo... ajude-me, eu imploro... serei leal a você enquanto vida eu tiver... socorro!!!


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